Poesia na sala de aula

Sílvia Trevisani



A poesia é muito mais que um texto, é a arte de brincar com as palavras. Sensibiliza e precisa ser cultivada. Acredita-se que a leitura do gênero poético seja o caminho para um futuro melhor, pois, além de despertar a imaginação e a fantasia da criança, o incentivo à leitura resulta no melhor aproveitamento da criatividade e inspira a busca pela identidade.

O contato com o livro de poesias desperta os sentidos e provoca a expressão corporal, musical e artística. Para que isso se torne possível, o professor precisa definir para si o que é a poesia, para logo passar esse mundo lúdico para o aluno.

A prática da leitura de poesia está esquecida na maioria das escolas e, se o professor não tiver o hábito de ler poemas e não criar possibilidades de criação e interação, dificilmente conseguirá despertar esse interesse em seus alunos e muito menos mostrar a importância que ela tem para o desenvolvimento da sensibilidade e do emocional do ser humano.

A leitura e os trabalhos de poesias se fazem necessários para investigar as dificuldades dos alunos em interpretar e compreender o que o poeta transmitiu em versos. E isso não é só pela falta do conhecimento, mas pelo pouco contato que eles têm com ela.

É preciso aproximar e envolver a criança com a poesia para evitar as várias afirmações de que é de difícil interpretação; apenas requer mais cuidado e atenção para que ocorra um entendimento da mesma. O ensino da interpretação compreende o desenvolvimento de considerar conhecimentos dos vários sentidos que um texto poético proporciona. O contato constante com esses textos é uma forma para melhorar a aprendizagem, que engloba desde a pronúncia das palavras, o conhecimento de vocabulários chegando até na habilidade do uso da língua.

O conhecimento que se refere às noções e conceitos sobre o texto, e, por último, o conhecimento de mundo, que é adquirido naturalmente através das experiências, do convívio social, cuja apropriação, no momento oportuno, é também essencial à compreensão de um poema. Se estes conhecimentos não forem respeitados, a compreensão pode ficar prejudicada e de difícil interpretação.

Salienta Silva, que: “[...] o maior desafio dos professores resida na reaproximação do cognitivo com o afetivo. [...]ensinar a ler e, ao mesmo tempo, ensinar a gostar de ler. Amarrar a amalgamar as dimensões afetivas e cognitivas da leitura a partir de uma didática rigorosa e prazerosa, de sedução e encantamento. [...]Fazer que a passagem da ‘desconhecença’ para a ‘sabença’ seja gostosa, envolvente e impactante”.
                                            
É necessário que o professor parta de uma leitura poética do mundo, fazendo da poesia motivo de apreciação lúdica e de motivação para a produção de intertextualidade e da relação existente entre textos diversos, da mesma natureza ou de naturezas diferentes e entre o texto e contexto e de muitas outras formas de criar com seriedade, mas brincando com as palavras.

Segundo Elias J. “[...] poesia é tudo que nos cerca e que nos emociona quando tocamos, ouvimos ou provamos, poesia é a nossa inspiração para viver a vida”.

De acordo com Bachelard, a poesia requer profundo devaneio e memória: “[...] A criança enxerga grande, a criança enxerga belo. O devaneio voltado para a infância nos restitui a beleza das imagens primeiras”. “[...] A infância vê o mundo ilustrado, o mundo com suas cores primeiras, suas cores verdadeiras.”

Os poetas devem ser capazes de nos convencer de que todos os nossos devaneios de criança merecem ser recordados.

Produzir uma poesia infantil não é uma tarefa simples, o texto precisa ser bem construído, despertar a sensibilidade para conquistar e prender o interesse da criança e, ao mesmo tempo, mostrar a vida de uma forma mais poética, com maior liberdade para construir seu conhecimento.

Todas as estratégias capazes de estimular a sensibilidade são apropriadas, o interessante para isso é que seja frequentemente trabalhada para que ocorra um interesse por ela.

Abrir um livro de poemas e começar a ler de forma prazerosa pode ser uma forma de preparar o trabalho em sala de aula e, com isso, abrir uma porta e um caminho para chegar ao aluno e partilhar com ele da beleza da poesia. 





Autoria: Silvia Trevisani é professora, psicopedagoga e escritora de Campinas - SP.

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